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“O que importa é o amor magnético que inspira nos seus admiradores. Para eles, Clarice é uma das maiores experiências emocionais de suas vidas”. Uma experiência emocional: é assim que Benjamin Moser, maior biógrafo da escritora brasileira Clarice Lispector, descreve o relacionamento entre ela e seus leitores no livro “Clarice Lispector: Todos os contos”. Clarice deixou uma extensa obra capaz de tocar das mais variadas maneiras o espírito daqueles que a leem. Com Celly Inatomi, cientista política e artista, não seria diferente.

Aos 33 anos, Celly defendeu há pouco seu doutorado, e como não poderia deixar de ser viu-se esgotada e com seus pensamentos silenciados após grande exaustão. Artista desde pequena, utilizou sua técnica de pontilhismo, que aperfeiçoa há anos, para criar novas obras durante sua busca por renovação mental. À época, imersa na obra de Clarice Lispector, suas pinturas fluiram e amanhã, sábado, 05 de novembro, estarão reunidas pela primeira vez no Studio 019, localizado na Rua Major Solon, número 911, Cambuí, Campinas.

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Celly Inatomi entre parte de suas produções e inspirações. (Créditos: Christian Camilo)

Inspirada pelo universo criado por Clarice, Celly produziu retratos de mulheres: algumas são personagens da escritora, como Macabéa, do romance “A Hora da Estrela”, e Joana, de “Perto do coração selvagem”; e outras são mulheres que poderiam estar nos romances que leu ou até mesmo na história da própria Celly. Todas as suas obras são originais e produzidas com tinta acrílica e pincel. Na exposição chamada “As meninas: desenhos para recuperar a alma” as obras originais estarão exibidas ao lado de reproduções das mesmas ampliadas em metacrilato, um processo de acabamento refinado que dá resultado quase tridimensional às imagens.

Clarice Lispector construiu um universo onde todas as mulheres são personagens fortes. Mulheres que, com todos os seus defeitos e fraquezas, são humanas e impactantes. Dessas mulheres são os rostos que podemos encontrar nesta exposição. Rostos, inclusive, criados por uma mulher tão forte quanto as das pinturas que criou. Uma personalidade e artista forte imersa em um corpo pequenino com expressões sempre gentis: uma personagem tipicamente clariceana.

Texto Michelle Lopes